Nas viagens aos nove países nesses cinco primeiros meses de governo, o presidente ficou hospedado em hotéis luxuosos, de alto padrão, custeados com recursos públicos.
Entretanto, é importante ressaltar que apenas nos Estados Unidos e nos Emirados Árabes a acomodação de Lula foi custeada pelos governos anfitriões. Durante sua visita aos EUA, o presidente foi hospedado na Blair House, a residência oficial do governo norte-americano destinada a chefes de Estado que visitam o país. Em Abu Dhabi, o governo local cobriu a estadia de Lula no luxuoso Emirates Palace Mandarin Oriental.
O maior gasto da comitiva presidencial durante essas viagens ocorreu na China, com despesas de hospedagem no valor de R$ 1,8 milhão para uma viagem de quatro dias em abril. Lula ficou hospedado em hotéis de alto padrão tanto em Xangai quanto em Pequim: o Fairmont Peace Hotel na primeira cidade e o St. Regis na capital chinesa.
A comitiva que acompanhou Lula incluía o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cinco governadores, oito ministros de Estado, 26 parlamentares e diversos empresários. Até mesmo João Pedro Stédile, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que participou do “Abril Vermelho” no Brasil, ocupando propriedades rurais, fez parte da viagem ao país oriental.
Durante sua visita à China, Lula participou da posse de Dilma Rousseff (PT) como presidente do Banco dos BRICS e também se encontrou com o ditador chinês, Xi Jinping. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirma que essa viagem faz parte dos esforços de reaproximação com o país governado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), uma vez que a relação entre os dois países se deteriorou durante o governo de Jair Bolsonaro.
Bolsonaro era um crítico das ditaduras comunistas e rompeu relações, por exemplo, com a Venezuela, liderada pelo ditador Nicolás Maduro, com quem Lula reatou relações.
Viagens de Lula à Europa e América Latina
As viagens com maiores gastos em hospedagem, após a China, foram para o Reino Unido (R$ 1,4 milhão), Portugal (R$ 1 milhão) e Espanha (R$ 815 mil). Em maio, Lula visitou Londres para participar da cerimônia de coroação do rei Charles III.
A viagem com menores gastos em hospedagem para a delegação brasileira foi a Montevidéu. Lula chegou ao Uruguai na manhã do dia 25 de janeiro e não pernoitou na cidade. Após um encontro com o presidente Luis Lacalle Pou, ele retornou ao Brasil no mesmo dia. No entanto, a comitiva ainda teve despesas de hospedagem no valor de R$ 59 mil.
Na Argentina, a comitiva presidencial gastou R$ 716 mil em hospedagem durante uma viagem de quatro dias em janeiro. Além disso, durante essa viagem, a delegação brasileira gastou R$ 338 mil em diárias para servidores, R$ 498 mil em aluguel de veículos e R$ 25 mil em contratação de intérpretes, além de outros gastos.
Em nota à Folha, o Ministério das Relações Exteriores explica que o objetivo dessas viagens é não apenas restaurar a imagem do país no exterior, mas também restabelecer as relações comerciais com parceiros importantes, o que resulta na atração de investimentos estrangeiros em áreas estratégicas que contribuem diretamente para a recuperação da capacidade do mercado interno brasileiro, impulsionando a geração de empregos e renda.
Durante seus encontros com outros chefes de Estado, Lula tenta se posicionar como mediador no processo de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, suas declarações em apoio a Vladimir Putin, que ordenou a invasão ao país vizinho em fevereiro, têm recebido críticas. Em sua última viagem à Europa, o jornal francês Libération chamou o presidente brasileiro de “decepção” e “inimigo do Ocidente”.
