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Com pagamento extraordinário de R$ 92,4 bilhões de precatórios em dezembro passado, déficit primário foi de R$ 230,5 bilhões em 2023

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Destaques:
– Déficit primário de R$230,5 bilhões, ou 2,1% do PIB em 2023
– Resultado primário negativo em R$ 116,1 bilhões em dezembro, próximo à projeção de R$ 121,3 bilhões mantida pela Warren Rena
-Excetuando-se o pagamento extraordinário de R$ 92,4 bilhões em precatórios, o déficit primário teria sido de R$ 138,1 bilhões em 2023, correspondentes à 1,3% do PIB
 

O Resultado do Tesouro Nacional para o mês de dezembro de 2023 confirmou o pagamento de R$ 92,4 bilhões em precatórios, seguindo autorização do STF, com resultado primário para o referido mês negativo em R$116,1 bilhões, próximo às expectativas de mercado. A mediana das projeções coletadas pelo Broadcast/Agência Estado, por exemplo, se situava em déficit primário de R$ 116,7 bilhões. Somando-se o resultado de dezembro, o déficit primário em 2023 foi de R$ 230,5 bilhões, ou 2,1% do PIB.
 

Tal déficit no ano passado foi resultado de receitas líquidas de R$ 1.899,4 bilhões e despesas primárias de R$ 2.129,9 bilhões, configurando redução de 2,2% e aumento de 12,5% em relação à 2022, respectivamente, já descontada a inflação. Pelo lado das receitas, destacou-se a queda anual de 21,1% das não administradas pela Receita Federal, decorrentes do desempenho positivo das commodities em 2022, ausente em 2023. As administradas, por sua vez, caíram 1,0% no último ano, porém com a rubrica “Outras Receitas Administradas pela RFB” crescendo 39,5%. Parte das medidas fiscais aprovadas pelo Executivo no decorrer do ano passado afetam diretamente essa rubrica, como o imposto sobre exportação de óleo bruto e o programa de redução de litigiosidade, que em conjunto arrecadaram cerca de R$ 10 bilhões em 2023.
 

Olhando para as despesas, houve aumento de 42,4% das obrigatórias com controle de fluxo, rubrica que contém os gastos com Bolsa Família, crescimento de 7,9% dos benefícios previdenciários pagos, impactados pela correção do salário mínimo, além do avanço de 15,3% nos gastos discricionários. Por outro lado, os gastos com pessoal subiram menos, com crescimento anual de apenas 2,8%.
 

No mês de dezembro, em específico, houve desempenho positivo da arrecadação, como já havíamos destacado em nota anterior que comentou os dados mensais de arrecadação federal disponibilizados pela Receita Federal. A receita total cresceu 3,6%, sendo que as administradas pela RFB avançaram 7,3% em termos reais.
 

Como já adiantado pela Warren Investimentos anteriormente, do lado dos gastos, o pagamento de R$ 92,3 bilhões de precatórios afetou especialmente as rubricas de benefícios previdenciários, pessoal e sentenças judiciais e precatórios (custeio e capital), contribuindo para o aumento de 72,3% na despesa total na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Como projetávamos, os gastos previdenciários somaram R$ 96,2 bilhões, enquanto a despesa com pessoal foi próxima aos R$ 53,0 bilhões. Contribuíram também para a deterioração do primário de dezembro os aportes a Estados e Municípios, que somaram R$ 7,6 bilhões no mês, e o crescimento real de 65,1% das despesas discricionárias, que totalizaram R$ 37,6 bilhões.
 

Por fim, caso descontado o gasto extraordinário com precatórios, o déficit primário em dezembro teria sido de R$ 23,8 bilhões e o resultado para o ano de 2023 teria sido negativo em R$ 138,1 bilhões, equivalentes a 1,3% do PIB.

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