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Insatisfação no Partido Ameaça Posição do Governo de Lula no Congresso

A crescente insatisfação de membros do partido com a ministra Daniela Carneiro tem gerado preocupação dentro do governo de Lula. Desde o início do ano, parlamentares já expressavam seu descontentamento, afirmando não se sentirem representados por Carneiro e alertando para os riscos que sua escolha representava para o apoio do partido ao Executivo. A troca no Ministério do Turismo chegou a ser cogitada antes mesmo dos 100 dias de governo, porém, Lula decidiu mantê-la, defendendo-a publicamente.

Essa decisão, no entanto, resultou na perda de apoio da legenda ao governo federal e trouxe consequências significativas para o Palácio do Planalto. O partido União Brasil, por exemplo, votou em peso contra o decreto de Lula sobre o Marco do Saneamento na Câmara dos Deputados.

Recentemente, durante votações importantes, como a do Marco Temporal de Demarcação das Terras Indígenas e a da Medida Provisória 1154/2023, apenas dois deputados do partido seguiram as orientações do governo. Além disso, membros do partido apresentaram um projeto de lei alternativo ao arcabouço fiscal proposto pelo Executivo.

Na última semana, parlamentares da oposição apresentaram um pedido de impeachment, e três dos signatários são deputados do União Brasil. Com quase seis meses de polêmicas envolvendo Carneiro, líderes do Planalto e o próprio presidente já consideram a possibilidade de substituí-la no Ministério do Turismo como uma nova tentativa de consolidar uma base pró-Lula no Congresso, principalmente na Câmara.

Nessa segunda-feira, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, afirmou que considera pertinente a troca da ministra. Ele argumentou que, caso a saída de Carneiro para o Republicanos seja confirmada, a mudança seria lógica. O deputado federal Celso Sabino, aliado próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é o principal cotado para assumir o cargo.

Enquanto alguns aliados de Lula defendem a permanência de Carneiro como estratégia de articulação política no reduto bolsonarista, outros membros do União Brasil afirmam que o partido não oferecerá apoio incondicional ao governo, independentemente de quem seja escolhido para o Ministério do Turismo.

Essa divisão de opiniões dentro do partido coloca Lula em um dilema político. Atender aos anseios do partido, efetuando a troca ministerial e liberando novos ministérios, poderá custar-lhe votos no Congresso e derrotas amargas. Por outro lado, manter Carneiro no cargo para garantir apoio no Rio de Janeiro também pode acarretar efeitos negativos. Além disso, o presidente foi alertado que ceder às pressões do Centrão por mais espaços no governo pode torná-lo refém de seus interesses.

Agora, cabe a Lula decidir qual batalha escolher e quais consequências está disposto a enfrentar.

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