Americanas admitiu, pela primeira vez, a fraude em seus balanços, que resultou em um rombo contábil de R$ 20 bilhões. Como resultado, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial em 11 de janeiro.
“Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da Companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas”, informou a varejista no comunicado.
Essa conclusão, segundo a Americanas, faz parte de um relatório elaborado por assessores jurídicos da administração, que foi apresentado ao Conselho de Administração da empresa na segunda-feira, 12 de junho. O relatório foi “baseado em documentos fornecidos pelo comitê de investigação independente e documentos adicionais identificados pela administração e seus assessores”.
O comunicado relevante cita nominalmente os ex-diretores envolvidos na fraude: o ex-CEO Miguel Gutierrez, os ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e os ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Gutierrez deixou a empresa em 31 de dezembro. Barros, Anna Christina, Meirelles, Abrate, Flávia e Nunes foram afastados em 3 de fevereiro de 2023, “juntamente com outros funcionários identificados até o momento”.
As fraudes incluem a simulação de contratos e a contratação de financiamentos sem a devida aprovação. O comunicado descreve como as fraudes foram realizadas, e um dos esquemas da antiga gestão envolvia a simulação de verbas de propaganda, que totalizaram R$ 21 bilhões.
“Foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares, normalmente utilizados como incentivos no setor varejista, que foram artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da empresa como redutores de custo, mas sem contratação efetiva com fornecedores. Essas movimentações, feitas ao longo de um período significativo, alcançaram, de acordo com números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022”, informa o comunicado.
Esses contratos fraudulentos não tinham “respaldo financeiro associado”, de acordo com o relatório.
Além disso, a antiga diretoria, com o intuito de gerar o caixa necessário para a continuidade das operações da Americanas, “realizou uma série de financiamentos nos quais a empresa é devedora perante instituições financeiras, sem as devidas aprovações corporativas, todos inadequadamente contabilizados no balanço patrimonial da empresa em 30 de setembro de 2022, na conta de fornecedores”.
O relatório da empresa menciona dois financiamentos: um no valor de R$ 18,4 bilhões e outro de R$ 2,2 bilhões, ambos números preliminares e não auditados. “